quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O Malbec Argentino



“Brasil decime que se siente”... Este foi o hit mais cantado durante a Copa de 2014 pelos nossos hermanos. Uma verdadeira provocação aos brasileiros pela derrota da Copa de 1990. Mas hoje, o assunto não é futebol. É muito melhor: vinho! E não é qualquer vinho; é o grande ícone da América do Sul, orgulho dos nossos vizinhos (e nosso também): o Malbec Argentino.

A revolução dos vinhos argentinos aconteceu há cerca de 20 anos. Até lá, a maioria dos vinhos argentinos eram de qualidade duvidosa e muitas vezes apenas para o consumo local. Dois fatores foram fundamentais para a revolução dos vinhos argentinos. A modernização dos vinhos chilenos, um concorrente de peso, e a perseverança e dedicação do grande gênio da viticultura argentina: Nicolás Catena Zapata. Considerado por muitos o grande responsável pelo atual sucesso dos vinhos portenhos, em especial daqueles produzidos exclusivamente com a cepa Malbec.

É verdade que a uva Malbec não é autóctone da região, e sim uma cepa francesa, mais precisamente da região de Bordeaux. Todavia, foi na Argentina que ela conseguiu mostrar todo seu potencial – ou pra dizer melhor, toda sua grandeza! Mendoza é a principal região vinícola do país e sua grande estrela é a uva Malbec. Não se sabe ao certo porque ela se deu tão bem em solo Argentino, especialmente em Mendoza. Mas não interessa, o mais importante é que o vinho Malbec Argentino é quase sempre muito bom: de cor violácea escura, ótimo nariz, bem estruturado e com bom corpo. A madeira no vinho Malbec (fruto do estágio em barricas de carvalho) está quase sempre no ponto, nem muita, nem pouca, ao contrário do excesso de madeira nos vinhos chilenos. Lembrando que os vinhos argentinos de baixa qualidade também apresentam este mesmo defeito.

Outro fator importante: é possível tomar bons vinhos a preços convidativos, já que a isenção de impostos entre os países do Mercosul ajuda neste quesito. Eu poderia citar vários bons vinhos, mas desta vez a minha dica será o OBRA PRIMA GRAND RESERVA 2007, da Família Cassone. Vinho espetacular e com um preço razoável. O RESERVA 2010 é mais simples, porém muito bom e mais em conta, custando cerca de 70 reais (para os moradores de Goiânia é possível comprá-los no Beef Bistrot, no setor Marista). Por último, uma dica: decante o vinho por cerca de 30 minutos antes de bebê-lo: posso garantir, ele vai melhorar muito... Aprecie com moderação e “decime que se siente”!

E para acompanhar um bom Malbec Argentino? Este será nosso próximo assunto. Até lá.


MJR



domingo, 3 de agosto de 2014

Veneza - A capital do amor!



Veneza - a Capital do Amor, tão longamente cantada em prosa e verso, exprime com exatidão a essência do Romantismo. Há muito parada no tempo, insiste em não crescer e assim preservar sua singularidade: poucos discordam de que nada se compara a Veneza, é única no mundo.

Suas ruas não são mais que pequenos becos, emparedados pelas fachadas das casas. Nelas as caminhadas são longas, e incontáveis são os degraus. Suas verdadeiras artérias são os canais, atravessados por pontes em arco e fartamente servidos por transportes aquáticos, sejam individuais como as gôndolas e os táxis, ou coletivos, como os vaporettos, que são ônibus fluviais que trafegam pelos canais maiores.




As legendárias gôndolas são uma opção de transporte bem diferenciada - e cara. Símbolos da cidade, têm uma artimanha construtiva: a ponta dianteira é curvada para a esquerda, o que permite ao gondoleiro, que trabalha sozinho e rema apenas pelo lado direito, conduzir o barco adiante sempre em linha reta. O gondoleiro é uma pessoa particular: é, antes de tudo, um artista. Sempre cortês e galante, conduz a senhora pela mão ao embarcar.  Vestido de romântico italiano, vai mostrando os pontos de interesse pelo caminho, e a eles acrescenta suas pitadas de sentimento. Entre uma e outra explicação, canta. Canta e encanta, com seu discurso e suas melodias.



Passeando a pé para conhecer suas maravilhas, chegamos à Piazza São Marco, onde se destacam a Igreja de São Marco e seu Campanário, onde do alto de muitos andares, podemos ter uma visão soberba dos arredores, e o célebre Palácio dos Lordes, com sua fachada esculpida em colunas e arcos mouriscos. A igreja é uma jóia barroca ricamente decorada com mosaicos dourados que ilustram também suas imagens bizantinas. Na outra margem do Canal Grande floresce a imponente igreja de Santa Maria de la Salute, que nos delicia com sua decoração barroca tendo ao fundo a melodia angelical do seu famoso órgão, que não interrompe as notas durante todo o tempo em que lá permanecemos. Um pedacinho do Paraíso.






Mais uma caminhada e se chega ao Museu Dell'Academia, onde figuram as obras dos principais pintores de berço veneziano: TicianoTintoretto, além de  Veronese, nascido em Verona mas criado desde a infância em Veneza.  Mestres do Renascimento italiano, são mundialmente reconhecidos e têm suas obras expostas nos principais museus e igrejas do mundo.

Como se não bastassem as maravilhas da cidade, a música ainda enche cada canto. Por onde quer que se vá, ouvimos alguma melodia. No Museu da Música, uma exposição da vida e obra de compositores clássicos, desde suas roupas até os instrumentos que utilizavam. Veneza se orgulha muito de seu filho mais ilustre: o compositor Antonio Vivaldi, dono de uma obra longa e notável, que se tornou popularmente conhecido com "As Quatro Estações". Por ocasião de seu aniversário, a cidade promoveu uma série de concertos. A emoção domina a alma diante de um grupo de violinos, violoncelo, viola, contrabaixo e cravo, todos vestidos com trajes de época e executando com maestria os 12 movimentos da peça. Inesquecível.



Depois da tantos degraus e tanto deleite aos olhos e ouvidos, um pequeno descanso e o deleite ao paladar: um merecido jantar no restaurante Antico Martini, talvez o melhor de Veneza. O ambiente é distinto e o serviço, cortês.  De entrada, um prosciutto Danielle com cogumelos e uma veloutata de patatte com gamberetti. Para pratos principais, um tagliatelle com carcioffi freschi e umas costeletas de agnello(cordeiro) com batatas. Como sobremesas, um tradicional tiramisu com toque gourmet e um picolo boletini caldo com gelatto de crema e frutti silvestri. Harmonizando com tal qualidade culinária, um Vêneto de grande presença: Amarone Masi Costasera 2007.


Para coroar a cidade do amor, romântico mesmo é se sentar ao sol manso do entardecer, nas mesas do elegante Café Florian, na Piazza São Marco, um símbolo de tradição fundado em 1720. Acompanhando os delicados quitutes do mais antigo café da Europa, servidos em fina louça e impecável prataria, nada é mais indicado que o espumante Franciacorta Ca dell Bosco, que nada deve aos melhores Champagnes. Uma tarde única numa cidade única: simplesmente imperdível.

Raquel