Veneza - a Capital do Amor, tão
longamente cantada em prosa e verso, exprime com exatidão a essência do
Romantismo. Há muito parada no tempo, insiste em não crescer e assim preservar
sua singularidade: poucos discordam de que nada se compara a Veneza, é única no
mundo.
Suas ruas não são mais que pequenos
becos, emparedados pelas fachadas das casas. Nelas as caminhadas são longas, e
incontáveis são os degraus. Suas verdadeiras artérias são os canais, atravessados
por pontes em arco e fartamente servidos por transportes aquáticos, sejam
individuais como as gôndolas e os táxis, ou coletivos, como os vaporettos, que são ônibus fluviais que
trafegam pelos canais maiores.
As legendárias gôndolas são uma
opção de transporte bem diferenciada - e cara. Símbolos da cidade, têm uma
artimanha construtiva: a ponta dianteira é curvada para a esquerda, o que
permite ao gondoleiro, que trabalha sozinho e rema apenas pelo lado direito,
conduzir o barco adiante sempre em linha reta. O gondoleiro é uma pessoa
particular: é, antes de tudo, um artista. Sempre cortês e galante, conduz a
senhora pela mão ao embarcar. Vestido de
romântico italiano, vai mostrando os pontos de interesse pelo caminho, e a eles
acrescenta suas pitadas de sentimento. Entre uma e outra explicação, canta.
Canta e encanta, com seu discurso e suas melodias.
Passeando a pé para conhecer suas
maravilhas, chegamos à Piazza São Marco, onde se destacam a Igreja de São Marco
e seu Campanário, onde do alto de muitos andares, podemos ter uma visão soberba
dos arredores, e o célebre Palácio dos Lordes, com sua fachada esculpida em
colunas e arcos mouriscos. A igreja é uma jóia barroca ricamente decorada com
mosaicos dourados que ilustram também suas imagens bizantinas. Na outra margem
do Canal Grande floresce a imponente igreja de Santa Maria de la Salute, que nos delicia com sua decoração barroca
tendo ao fundo a melodia angelical do seu famoso órgão, que não interrompe as
notas durante todo o tempo em que lá permanecemos. Um pedacinho do Paraíso.
Mais uma caminhada e se chega ao
Museu Dell'Academia, onde figuram as obras dos principais pintores de berço
veneziano: Ticiano e Tintoretto,
além de Veronese, nascido em Verona mas criado desde a infância em
Veneza. Mestres do Renascimento
italiano, são mundialmente reconhecidos e têm suas obras expostas nos
principais museus e igrejas do mundo.
Como se não bastassem as
maravilhas da cidade, a música ainda enche cada canto. Por onde quer que se vá,
ouvimos alguma melodia. No Museu da Música, uma exposição da vida e obra de
compositores clássicos, desde suas roupas até os instrumentos que utilizavam.
Veneza se orgulha muito de seu filho mais ilustre: o compositor Antonio Vivaldi, dono de uma obra longa e notável, que se tornou
popularmente conhecido com "As Quatro Estações". Por ocasião de seu aniversário,
a cidade promoveu uma série de concertos. A emoção domina a alma diante de um
grupo de violinos, violoncelo, viola, contrabaixo e cravo, todos vestidos com trajes
de época e executando com maestria os 12 movimentos da peça. Inesquecível.
Depois da tantos degraus e tanto
deleite aos olhos e ouvidos, um pequeno descanso e o deleite ao paladar: um merecido
jantar no restaurante Antico Martini,
talvez o melhor de Veneza. O ambiente é distinto e o serviço, cortês. De entrada, um prosciutto Danielle com cogumelos e uma veloutata de patatte com gamberetti. Para
pratos principais, um tagliatelle com
carcioffi freschi e umas costeletas de agnello(cordeiro)
com batatas. Como sobremesas, um tradicional tiramisu com toque gourmet e um picolo
boletini caldo com gelatto de crema e frutti silvestri. Harmonizando com tal
qualidade culinária, um Vêneto de grande presença: Amarone Masi Costasera 2007.
Para coroar a cidade do amor, romântico
mesmo é se sentar ao sol manso do entardecer, nas mesas do elegante Café
Florian, na Piazza São Marco, um símbolo de tradição fundado em 1720.
Acompanhando os delicados quitutes do mais antigo café da Europa, servidos em
fina louça e impecável prataria, nada é mais indicado que o espumante Franciacorta Ca dell Bosco, que nada
deve aos melhores Champagnes. Uma
tarde única numa cidade única: simplesmente imperdível.
Raquel
Raquel
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