Exclusividade: objetivo
perseguido por muitos e obtido por poucos. Ser recebido com pompa e
circunstância em Bordeaux num castelo exclusivo já elevaria qualquer mortal a
um patamar mais alto. Se este Château for um dos mais consagrados da região, a
recepção fica ainda mais digna. Junte a isso ver a bandeira do Brasil hasteada
na fachada, antes mesmo de sermos recebidos como um grupo pequeno de 5 pessoas,
já se trataria de um passeio muito diferenciado, mas o melhor ainda estaria por
vir.
Estamos falando do Cos d’Estournel, vinho legendário da margem esquerda do rio Gironde, na região de Saint-Estèphe no Médoc, ao norte da cidade de Bordeaux, cuja merecida fama de excelentes rótulos foi coroada pela construção de sua excêntrica sede em estilo oriental onde dominam três pagodes chineses. Um gigantesco portal de madeira entalhada à moda indiana das altas castas e ornamentado com castanhas pontiagudas de bronze que serviam para afugentar os elefantes que, ao colidirem diretamente com elas, se afastavam para não se machucar. Quanto mais poderoso fosse o dono do portal, maiores eram os números de castanhas, relacionadas ao nível social.
Dentro do Château uma decoração de estilo exótico com inspirações orientais de diversas procedências, harmonizadas num ambiente impecavelmente iluminado para ressaltar cada detalhe do mobiliário. Um grande aparador oferece dispostas as garrafas de vinhos dos mais variados volumes, desde a normal (750 ml) até a Nabucodonosor (15 litros), passando pela Jéroboam, Balthazar e afins.
Emoldurada por um gigantesco portal de madeira de ébano entalhada se descortina o acesso aos tanques de fermentação de aço inoxidável, caprichosamente dispostos e limpos, de forma a não exprimir qualquer mácula em seu brilho impecável: uma cuba para cada lote da vinícola. Passando por este incrível ambiente, temos acesso ao orgulho da vinícola: a adega de barris de carvalho francês, onde os vinhos permanecem antes de serem engarrafados. Podemos apreciar de cima esta maravilha atravessando uma ponte de vidro com uma iluminação surreal. Como se ainda não fosse bastante, a ponte nos conduz à sala do tesouro: numa sala escura e bem cuidada, guarnecida por estátuas de elefantes, repousam seus rótulos mais preciosos. Uma riqueza sem igual!
Ainda embasbacados com tamanha suntuosidade, somos levados a uma sala de degustação exclusiva para nosso pequeno grupo. A mesa estava disposta em cinco taças por pessoa, cada uma delas devidamente etiquetada com o vinho a ser degustado, acompanhadas da cereja do bolo: em cada lugar repousava um cartão de agradecimentos pela visita, contendo o nome completo do visitante, ao lado de um pequeno mimo – uma agenda Moleskine – como lembrança de tamanha deferência.
São momentos inesquecíveis que valem a pena ser desfrutados em ambientes especiais e recebidos por pessoas que fazem todo o possível e o impossível na arte de bem receber. Savoir faire francês.
Raquel e MJR
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