sexta-feira, 21 de março de 2014

Montepulciano, Toscana, Itália



Poucos lugares são tão poéticos como a Toscana. Suas vilas com casas de pedra, suas alamedas de ciprestes, suas cidades medievais... O tempo realmente parou ali. Era uma tarde de abril e partimos de Roma em direção a Siena, antiga capital do Reino, arquirrival de Florença. No caminho, um daqueles lugares que você precisa conhecer antes de morrer: Montepulciano. A antiga cidade medieval fica no alto do morro. Como tantas outras, é cercada por muros, e o carro fica do lado de fora do centro histórico; dali, uma enorme subida ladeada pelas altas fachadas das casas. Aquelas portas bem antigas com vasinhos de flores coloridas. Na Piazza Centrale, o Duomo gótico, majestoso. E alguns mirantes de onde se pode apreciar a vista do vale. Não há restaurantes abertos no meio da tarde, mas encontramos uma pérola: "Vinoteca e Bruscheteria La Dolce Vita". O estabelecimento tem uma entrada pequena e as mesas de madeira são na calçada. Na porta, uma inscrição: "la vita é piu breve per bere vini mediocre". Dentro, uma fantástica adega, daquelas de arcos de pedra, recheada de rótulos irresistíveis. Mas tínhamos um pacto de beber apenas vinho da região, de modo que os grandes vinhos europeus ficaram para uma outra oportunidade, e nos acompanhou um Vino Nobile de Montepulciano de um grande produtor, Poliziano. Pode parecer exagero, mas ali se come um daqueles pratos que você precisa provar: bruschetta com creme de trufas frescas e queijo pecorino derretido...e bruschetta al pomodoro, com os tomates perfeitos que só crescem na Toscana. Não foi propriamente um primor gastronômico: uma mesa na calçada comendo bruschettas e tomando Vino Nobile, mas um calmo silêncio e um céu bem azul abençoaram nossa refeição. De sobremesa, um bolinho quente de chocolate servido sobre uma fatia fininha de laranja vermelha, muito doce e caramelizada, acompanhado à altura por um Vin Santo. A estrada de vinhedos e olivais nos levou à Siena, uma fortaleza medieval rodeada por antigos muros, iluminada pela luz dourada do entardecer... Se pelo efeito do vinho ou pela beleza real da paisagem, alguma coisa pareceu mágica naquela tarde.
Raquel











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