O interior
da França é frequentemente uma opção de passeio nas minhas férias em território
europeu. Já visitei várias das regiões francesas (equivalentes a Estados no
Brasil), como a Alsácia, a Borgonha, o Rhône, a Provence, a Aquitânia (Bordeaux)
e o Vale do Loire, dentre outros. Mas a Normandia quase sempre era “desprezada”
por mim, talvez por desconhecimento, talvez pela falta de vinícolas por
ali.
Finalmente,
neste mês de abril de 2019, passei cinco dias por lá e não foram suficientes
para conhecer os principais pontos turísticos da Normandia. Escrevo nas
próximas linhas algumas dicas da minha primeira experiência, especialmente para
aqueles que ainda não conhecem essa interessante parte do território francês.
Como chegar?
Sem dúvida,
a melhor maneira de visitar a Normandia é de carro. E melhor, saindo do
aeroporto Charles de Gaulle em Paris, o acesso à autoestrada que nos leva à
Normandia é bastante fácil. Para aqueles que não curtem alugar carro é possível
fazer o trajeto de trem para os principais pontos turísticos.
Desta vez
comecei minha rota por Chantilly, uma pequena cidade ao norte de Paris, fora da
Normandia, mas que abriga um sensacional castelo e tem um hotel muito exclusivo,
sobre os quais escreverei em breve. De lá, segui para Giverny – menos de uma
hora de carro.
Giverny
A primeira e
obrigatória parada na Normandia é pequenina cidade de Giverny. Essa charmosa
vila é muito conhecida por ter sido escolhida pelo pintor Claude Monet para ser
sua residência e inspiração de grande parte de seus quadros impressionistas.
A cidade
fica a pouco mais de 70 km de Paris e pode ser visitada em algumas horas.
Assim, em minha opinião não vale uma estadia por lá.
Os destaques
são a casa de Monet e seus jardins (Fundação Monet). O estacionamento é de
fácil acesso e gratuito. A entrada é paga e pode ser adquirida com
antecedência. Os jardins são belíssimos e não deixe de visitar a parte do outro
lado da rua, onde você encontrará a famosa ponte japonesa das obras de Monet e
as ninfeias (plantas aquáticas), retratadas com maestria no quadro de mesmo
nome. O acesso a essa área dos jardins fica um pouco escondido, próximo à
entrada exclusiva para grupos de visitas, e é feito por um pequeno túnel. Não
deixe de visitá-la.
Além da Fundação
Monet, existe na cidade o museu dos impressionistas. Optei por não visitá-lo
por uma questão de tempo e por já ter programado a visita ao museu de Orsay em
Paris na mesma viagem que contém um belíssimo acervo desses pintores. Vale a
pena também uma pequena caminhada pela florida vila de Giverny e uma breve
refeição nos restaurantes por ali.
Rouen
A capital da
Normandia Alta fica ao norte de Giverny, cerca de 100 km. Não tive a
oportunidade de visitá-la dessa vez, mas é uma opção de pernoite após o passeio
em Giverny. Pelo que li, a catedral da cidade me parece ser o grande destaque
da cidade, e foi cenário de vários quadros de Monet.
Deauville, Honfleur
e Le Havre.
Essas
pequenas cidades litorâneas ficam muito próximas e estão localizadas ao norte de
Rouen e Giverny, cerca de 130 km da segunda, e são boas opções para se hospedar
na região – fiquei três noites. Através de dicas de amigos e da leitura de alguns
blogs optei por fazer a “minha base” de hospedagem na cidade de Deauville. Uma
decisão muito acertada.
Deauville
A cidade de
Deauville é conhecida por ser o balneário dos parisienses e pela paixão aos
cavalos. Há ainda o festival de cinema que atrai turistas e personalidades do
mundo inteiro.
O acesso à
cidade de Deauville é muito tranquilo e rápido, o que facilita a saída para
outras cidades. A arquitetura de estilo normando das casas é outro destaque.
Tudo muito bem cuidado. Veja a prefeitura na foto seguinte.
Fiquei
hospedado no Hotel Barrière Le Normandy,
o mais famoso por lá. Apesar de muito grande, o hotel é excelente e os quartos são
impecavelmente modernos e confortáveis. O café da manhã é ótimo e, para aqueles
que gostam, o hotel tem acesso direto ao maior cassino da cidade.
Três “pequenos
problemas” na hospedagem no hotel: o estacionamento privativo do hotel não
comporta todos os veículos aos finais de semana, e é preciso reservar com
antecedência (por um custo alto). Como não fiz a reserva prévia, tive que
deixar o carro na rua em uma área gratuita próxima ao hotel, sem maiores
problemas (as ruas da cidade são demarcadas por áreas pagas e gratuitas para o
estacionamento dos carros de turistas e moradores locais; tudo muito bem
sinalizado e organizado, sem contar que a cidade é muito segura). Outro
inconveniente é que o hotel fica muito cheio nos finais de semana, o que pode
ser um pouco assustador. Por último, o restaurante do Hotel, Belle Époque, é decepcionante,
destoando da qualidade do café da manhã.
A famosa praia
de Deauville fica em frente ao hotel. Existe um calçadão bem legal para uma caminhada,
além de bares e restaurantes ao longo da praia. Obviamente não cheguei nem
perto da água, pois a temperatura nessa época do ano é muito baixa – menos de
10 graus, em média. Uma curiosidade para nós, brasileiros, é a presença dos “estábulos”
para cavalos junto ao calçadão.
Mas o melhor
da escolha por Deauville é a presença de ótimos restaurantes, alguns estrelados,
e que podem ser acessados a pé. Indico dois: o Maximin Hellio e o L’
Essentiel, ambos com uma estrela Michelin e sensacionais, além do preço
justo pela alta qualidade.
Honfleur
Essa vila está
localizada à leste de Deauville, cerca de 20 Km, na margem esquerda do estuário
do rio Sena. Existem estacionamentos pagos nas entradas da cidade. Basta estacionar
o carro e pagar nas máquinas automáticas com cartão de crédito ou dinheiro, e
deixar o comprovante na parte interna do carro, junto ao vidro do lado do
motorista.
Após uma
caminhada curta você encontrará o centro da cidade, que é uma concentração de
casas, bares e restaurantes ao redor de uma pequena baía, chamada de “Vieux Bassin” – velha baía.
Particularmente
achei Honfleur um pouco cheia demais e algo tumultuada, mas mesmo assim, vale a
pena a visita. Existem opções de hospedagem por ali, além de bons restaurantes,
inclusive um duas estrelas Michelin, o SaQuaNa. Por uma questão de tempo e logística
acabei não o conhecendo.
Ponte da Normandia e Le Havre
A
arquitetura da ponte que cruza o rio Sena em direção ao leste da Normandia é uma
atração à parte. Uma das maiores pontes suspensas da Europa. Passar por ela
vale o passeio. Logo após a ponte fica a cidade de Le Havre. Passei rapidamente
por lá e me pareceu ser a “cidade dos negócios” da região, sem grandes
atrativos turísticos.
Étretat
A cerca de
40 km ao norte de Le Havre fica a pequenina Étretat. Uma cidadela em torno de
uma pequena praia de mar azul, margeada por belíssimas falésias. O local é
muito bonito e peculiar, veja a seguir. Vale a visita.
A meu ver, o
único problema de Étretat é estacionar o carro. Os espaços para estacionamento
são escassos em virtude da grande procura. Assim sugiro evitar a visita em dias
movimentados, como nos finais de semana.
Caen, Bayeux e as praias do Dia D
Também não
foi desta vez que consegui visitar as duas cidades e as famosas praias do
desembarque dos aliados na segunda guerra mundial. A princípio eu tinha
previsto a visita em algumas das praias, mas o tempo não foi suficiente. Ficou
para uma próxima vez.
A cidade de
Caen é a capital da Normandia Baixa e dista cerca de 80 km de Deauville, a
oeste. Uma das principais atrações da cidade é o museu da guerra, e fica no
caminho para o Mont Saint-Michel.
Le Mont Saint-Michel
Com certeza
o grande destaque da Normandia e o ponto turístico mais conhecido da região. A
pequena ilha rochosa fica numa vasta baía na divisa com a Bretanha. Não vou me
ater à descrição desse magnífico local, porque as s imagens a seguir falam por
si só. Sensacional! Ainda mais especial porque tive a sorte de pegar um dia
ensolarado.
Seguem dicas
da visita por lá:
Acesso: como
já comentei a melhor opção é por carro. O Mont Saint-Michel fica a duas horas
de Deauville e cerca de quatro horas de Paris. Por isso, resolvi sair cedo de
Deauville e retornar no mesmo dia. Acho que foi uma boa escolha, mas para quem
quiser pernoitar por lá, comentarei algumas opções em breve.
Estacionamento:
coloque no GPS “estacionamento Mont Saint-Michel”. O local é de fácil acesso
(cancelas automáticas), amplo e relativamente barato. Leve o ticket do
estacionamento com você e pague-o antes de sair. Valor de 14 euros por 24
horas.
Transfer e
acesso a pé: junto ao estacionamento você encontrará um ponto de apoio ao
turista com banheiros, lojas, hotéis e o centro de informação (pequeno vilarejo de La Caserne). De lá, você poderá seguir
de Navette (ônibus) até o Mont Saint-Michel,
gratuitamente, ou seguir caminhando, cerca de 40 minutos. Fui a pé e retornei
de Navette para ganhar tempo. A ida a
pé vai mostrando o monte à medida que se aproxima e vale a pena cada passada.
Sugiro que você faça o mesmo.
Hotéis: para
quem quiser se hospedar no local, existem várias opções na área continental,
junto ao estacionamento, numa área plana, agradável e muito bem cuidada, cercada
por restaurantes e pequenos comércios. Nem todos os hotéis têm vista direta
para o Monte. Outra opção é a hospedagem dentro das muralhas do Monte. Existem
alguns poucos hotéis três estrelas.
A entrada do
Monte é gratuita. Ao desembarcar do ônibus siga para a porta principal de
entrada. Você começará a subir o morro em direção à Abadia que fica no alto do
monte. Esse acesso é margeado por lojas, hotéis, bares e restaurantes.
A Abadia: a
visita à Abadia é obrigatória e muito interessante, sem falar na belíssima
vista lá de cima. A visita é paga. Se puder compre seu ingresso pela internet,
evitando a fila na entrada. A visita pode ser livre (inclusive com áudio guia)
ou guiada.
Essas foram
as minhas singelas dicas da Normandia nessa minha primeira visita por lá. Com
certeza voltarei num futuro breve para conhecer os pontos turísticos não
visitados e, quem sabe, revisitar os destaques.
Voilà!
MJR
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